Reflexões sobre machismo e homofobia…

Transponho para cá um conversa que aconteceu no facebook e que me botou pra pensar sobre o machismo e a homofobia.
Fiz um post denunciando a homofobia da página Quer Café?, que é pró Silas Malafaia e progandeia todo o discurso horroso desse sujeito criminoso.

“Amigos que “CURTEM” essa página, fiquem ligados que ela é pró Silas Malafaia e está propagandeando conteúdo homofóbico. Eles fazem isso com sutileza – disfarçado como liberdade de expressão – o que não nos possibilita denunciá-la. Tenho 65 amigos que estão associados e sei que alguns INCLUSIVE estão na luta contra a homofobia. Achei bem por bem avisar por aqui, pra estarmos atentos.”

Então minha amiga Ariane me avisou que eu também estava curtindo uma página machista e me passou o seguinte LINK. A página em questão é a Gina Indelicada que conta com milhares de seguidores. Eu ri um bocado com as coisas publicadas pela página e não percebia nada de ofensivo…
Li a matéria que a Ari mandou e acabei achando que não tinha nada de errado…

– Eu: Ari, obrigado pelo link, eu li e concordo não integralmente com o pensamento do autor. Primeiro que a página não se propõe a ser séria ou difundir doutrinas de como os humanos devam se comportar, assim como o Robson sugeriu logo de começo de seu texto. Acho que é um fardo pesado demais e que definitivamente ALI não é o lugar. Obviamente que se o humor carregasse outro tom e outros termos tudo poderia ser visto com outros olhos. Eu tive a sensação – e é muito particular – de que o autor pode até ter se milindrado por alguma comparação em ser homossexual. Será? Não sei.

Eu vi a piada como uma sátira irônica da sociedade em que vivemos e a ironia me parece que é o ponto forte da Gina. (Posso estar redondamente errado)
A Gina generalizou, provocou ao dizer que os homens são em sua maioria uns rudes (e a alta % de violência contra a mulher diz muito) e acho que é isso… Não vi – e posso estar errado – a piada como propagandista do machismo, pra mim ela denuncia a ausência de algumas virtudes – românticos, sensíveis, atentos, gentis e amorosos – em uma grande parcela de homens heterossexuais. E olhando pra nossa sociedade sem grandes aprofundamentos, a Gina definitivamente não está delirando.
Vou ficar pensando sobre isso, acho que é uma provocação boa. Obrigado pela dica de novo!– Ariane: Eu acho que o incômodo foi mais com a heteronormatividade repassada ali, a sugestão de que aquelas características só podem ser aceitas em homens homossexuais. De qualquer forma, humor é coisa séria, :). Nenhum humor é destituído de significado e contexto, por mais que quem conta a piada e quem ri muitas vezes não pensem na sua implicação. Por exemplo: se fosse largamente aceita a noção de que tais características NÃO são exclusivas de homens gays, ou ainda, se o ideal de masculinidade que a piada aceita e propaga sem questionar não fosse o oposto dessas características, será que a piada teria graça? Ou será que ela sequer seria feita? Acho que foi uma piada acrítica sim, até mesmo por conta do despojamento da própria página. A piada pode não ter sido concebida como ofensiva, mas ajuda a propagar esse mindset de que homem hétero não pode ser amoroso, romântico, sensível, senão é provavelmente gay. (aliás, me incomoda também a insinuação de que todo homem homossexual é assim, e eu vejo nessa piada também um pouco de gay-bashing). Eu acho válida a crítica, e concordo com ela. Eu tenho visto por aí, conversando com pessoas, que é bem comum essa mentalidade (que em nenhum momento estou dizendo que seja a sua, até por que eu não conheço o jeito como você pensa, ^^) de que humor tem que ser isento de crítica, essas pessoas que dizem ‘calma, é só uma piada’. Não é ‘só uma piada’, ou pelo menos o é pra muito menos pessoas, quando alguém chama um negro de macaco. Mas é engraçado dizer que lugar de mulher é na cozinha, ou que homem bonito e amoroso é ‘tudo viado’. Acho execrável aquela piada que coloca foto de uma pessoa trans* e pergunta se você a acha bonita, pra dizer embaixo ‘it’s a trap’. A única coisa que eu vejo em comum nesses assuntos que rotineiramente viram piada é que a luta dessas minorias (mulheres, homossexuais e trans*, por exemplo) estão visivelmente menos avançadas do que outras, como a dos não-brancos (digo não brancos por que não são só os negros que sofrem preconceitos nesse sentido). Pra essas pessoas eu digo: o problema não é que a piada não tem graça. O problema é que ela AINDA tem graça.

Bem, após essa conversa tudo fez mais sentido. E fico feliz em ter pessoas que me botam pra pensar, assim como a Ari o fez.
Ainda acredito que não dá para comparar a página do Quer cafê? com a da Gina Indelicada. Mas não quero estar vinculado nem com uma e nem com a outra.

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